domingo, 24 de dezembro de 2023

AFORISMOS

 A paixão amorosa obedece a um discurso retórico comum, senão até universal; é repetitivo e emerge do desejo sexual e de posse. O que surpreende é a sua sinceridade, apesar do padrão linguístico e comunicacional comum.

Acredito na compaixão como um sentimento comum e natural. Sentimos compaixão porque não nos queremos encontrar em idêntica situação. Sentimos uma compaixão ainda mais sincera quando não queremos que um familiar ou amigo se encontrem nessa situação.

Tanto o egoísmo como o altruísmo radicam numa determinada natureza humana- bio social- em parte inscrita na espécie, noutra parte socialmente aprendida, recebendo e dando forma  a um padrão singular de cada indivíduo: uns são mais naturalmente altruístas do que outros. Tenho como certo que o desenvolvimento tanto de um como do outro comportamento depende da estimulação social. A gratificação que recebemos com um ou com o outro comportamento é que decide em última instância. Se a comunidade não castiga o egoísmo, antes pelo contrário, seremos impunemente egoístas.
 
A decisão de uma vida em comum prolongada (a priori para toda a vida) manifesta a evolução da Espécie relativamente aos símios e parentes ancestrais. Novo progresso se verificou quando, muitíssimo mais tarde, o interesse económico ou exclusivamente reprodutivo deixaram de predominar. Surpreende que o divórcio seja uma conquista civilizacional tão recente. Uma boa parte desta evolução deve-se à difusão do romantismo: porém, a condição de fundo prende-se com as novas condições económicas. A moralidade, neste sentido, foi secundária. A possibilidade ou legalidade do divórcio acompanha esta evolução nos passos lentos da emancipação da mulher relativamente ao patriarcado.

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