segunda-feira, 22 de maio de 2023

Poema- A Comédia

 

 

O Carnaval da comédia

 

De luxo se disfarçam os pobres,

No sujeito se muda o predicado,

Com a máscara com que encobres,

Inverte-se a virtude e o pecado.

 

Ó vilão que agora és o senhor

Basta uma coroa para seres rei!

É tudo gozo, é tudo amor!

O que parece é e o não é lei!

 

Enganador és de fato enganadiço,

O senhor vigia-te servo ou vilão,

Em todas as jaulas o mesmo feitiço,

Em toda a festança o mesmo senão!

 

A comédia do mundo tal como é

Não deixa de ser o que sempre continua

Por baixo da máscara outra até

Que a realidade seja uma criação tua!

 

Brinca, infante, ao faz de conta,

Brinca que o mundo sempre recomeça

Em toda a parte, de ponta a ponta,

Sejas tu o ator e medíocre a peça!

 

Até que o sonho se faça pó,

Brinca aos tronos e andores,

Antes que muitos se faça um só,

Antes que voltem os teus temores!

 

Dança que a tristeza há de voltar

Mais depressa que em ódio se faça o amor

Mais depressa de joelhos voltarás ao lugar

A menos que a peça seja nova e outro o ator!

 

Gozam três dias a ingénua e o ladrão,

O súbdito e o tirano lado a lado,

Pois que a vida é um sonho vão

E o presente é a vingança do passado.

 

....Nozes Pires....18/02/2023

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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