Crepúsculo
Não me fales da morte,
Pé ante pé ela há vir
Não me fales da má sorte
Como um raio que feriu o mar!
Sou como um rumor apenas
Somos um poço e do fundo
Alguém nos chama.
Virás, ela virá?
Não lhe abras a porta
Não lhe abras sequer a janela
É só uma aragem brusca
De uma avezinha que tombou do ninho.
Fala-me dos amores (não do Amor!)
Fala-me de uma vida boa (não da Felicidade!)
Fala-me do meio dia
Quando tem mais luz a verdade!
Fala-me de ti, dela, e mais das outras,
Das aparições e das partidas
Do gozo e dos gritos
Sobre as areias das praias
Sobre a caruma dos pinhais
Sobre os esconsos dos umbrais!
Mas não me fales Dela
Que falar é já aparecer!
Fala-me de beijos antigos
E de sorrisos com lágrimas
Porque tudo que eu vivi eu sei
Das traições e dos inimigos
Porque mais fica o que amei.
Na verdade não fica nada.
À hora certa baterão à porta
E quando pareço dormir
Despeço-me à chegada!
.....Nozes Pires.....25/05/2023
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