Murcharam as flores nos vasos, meu amor
Não voltarás
Não voltarás porque o que foi já não será coisa alguma,
As recordações não são mais que impulsos elétricos,
Porque, tu sabes, nada mais existe senão o presente, e isso é exato,
todos os sábios antigos já o diziam.
Não voltaremos a ser o que fomos
Nos belos dezassete anos da nossa adolescência, e porque os lembro e me magoa?
Felizes somos apenas na infância , porém não o sabemos,
Será, portanto, felicidade o que sentimos nas puríssimas brincadeiras de petizes?
Não voltarás com o teu olhar lavado e confiante
Sem lutos, para tua sorte, sem arrependimentos.
Não voltaremos a segurar as nossas mãos, uma na outra docemente,
A caminho daquele jardim, lembras-te?
Como se o mundo fosse realmente uma bola azul no firmamento
E a vida uma estrada larga sem sobressaltos como na última imagem dos filmes de Charlôt.
Certamente que conhecíamos pesadelos, sonhos obscuros,
Medos, inquietações, desânimos, porém nunca aquela estrada assustadora de Muhlolland Drive!
Todos os susto eclipsavam-se na manhã seguinte, ao nascer daqueles sóis radiantes como somente naquelas terras remotas e tão belas!
Lembras-te daqueles céus de sorrisos, de nuvens de abraços,
Daquelas tardes escutando o começo do mundo?
Não voltaremos a pisar com os pés descalços as areias das dunas
Nem a procurar sofregamente debaixo das ondas os corpos de ambos
Naqueles tempos sinistros em que se proibia um beijo na rua
Um abraço namorado nas praças, lembras-te?
O melhor e o pior naqueles tempos fatais!
E eu bem peço à Sorte
Que, separadas as coisas, uma não volte mais.
.........NOZES PIRES.......08/12/2022
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