MULHERES DE ABRIL
As mulheres de Abril
Tinham corpo,
No corpo, nervos,
Nos nervos, aço,
Quando abriam os braços
Fazia-se tempo e espaço.
As mulheres de abril
Tinham mamas e coxas
Mas era lume que acendiam
Quando na luta brava
As palavras ardiam.
As Mulheres de Abril
Eram mulheres de carne e osso,
Porém feitas de outra maneira,
Enquanto outras resavam trémulas
Elas traziam os deuses pela coleira.
As mulheres de Abril
Racharam as muralhas
Olharam nos olhos os medos
Não se recolheram no brilho dos enxovais:
Fosse nas fábricas, nos campos, nas escolas,
Fosse no mais íntimo dos segredos,
Não se perdiam em suspiros e ais.
Em frente! Avante que se faz tarde!
Gritavam as mulheres de Abril.
Ó que saudade eu tenho dessa bravura incomum
Desse fogo que já não arde!
Disse mal, eu sei, eu sei!
Direi antes que arde doutras maneiras!
Direi antes que sou eu eu que já não grito
Como, a seu lado, gritei!
-----Nozes Pires----22/04/2023
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