segunda-feira, 22 de maio de 2023

Poema- Maio

 

 

MAIO

 

Naquele dia de Maio

Caia a noite de mansinho

Com aqueles pés de veludo

Que ela sabe chegar.

Vi-te na rua alheada de tudo.

(Foi não sei há quanto tempo.).

Na rua estreita de um bairro da cidade,

Passaste como uma promessa, uma ilusão,

Uma frase à espera de ser dita,

Uma barca no rio,

Ramagem que mal se agita

Naquela brisa tardia.

Não te chamei,

para quê? Se amanhã,

(há sempre um amanhã)

A sensação daquele instante em que te vi

Já não se repetia.

Ver-te distante e afinal tão perto,

Como aquela noite que caía

Lembrou-me o rio que divide a cidade.

 

As gentes que corriam para casa

Não prestavam atenção,

Nem a mim, nem a ti,

Cada um era uma vida com graça ou desgraça,

 ora chora, ora ri.

 

Naquele dia de Maio,

(Sei lá quanto tempo já passou!)

Caía a noite devagarinho,

A cidade movia-se para dentro

Como uma concha que fechou.

 

Nos meus olhos uma barca no rio,

Uma mulher distraída a dobrar a esquina,

Naquele instante que não mais se repetiu.

 

----Nozes Pires-----04/05/2023

 

 

 

 

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