MAIO
Naquele dia de Maio
Caia a noite de mansinho
Com aqueles pés de veludo
Que ela sabe chegar.
Vi-te na rua alheada de tudo.
(Foi não sei há quanto tempo.).
Na rua estreita de um bairro da cidade,
Passaste como uma promessa, uma ilusão,
Uma frase à espera de ser dita,
Uma barca no rio,
Ramagem que mal se agita
Naquela brisa tardia.
Não te chamei,
para quê? Se amanhã,
(há sempre um amanhã)
A sensação daquele instante em que te vi
Já não se repetia.
Ver-te distante e afinal tão perto,
Como aquela noite que caía
Lembrou-me o rio que divide a cidade.
As gentes que corriam para casa
Não prestavam atenção,
Nem a mim, nem a ti,
Cada um era uma vida com graça ou desgraça,
ora chora, ora ri.
Naquele dia de Maio,
(Sei lá quanto tempo já passou!)
Caía a noite devagarinho,
A cidade movia-se para dentro
Como uma concha que fechou.
Nos meus olhos uma barca no rio,
Uma mulher distraída a dobrar a esquina,
Naquele instante que não mais se repetiu.
----Nozes Pires-----04/05/2023
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