segunda-feira, 22 de maio de 2023

Poema- Tanto tempo

 

Tanto tempo

 

Lembras-te?

Caía a noite nas minhas mãos.

Súbito, um vento sacudiu as dunas,

implacável, como birra ou como aviso.

Areias escorriam no teu rosto como lágrimas

De uma criança naufragada na infância.

Porém, tu sorriste, apesar de tudo,

Porque nesse tempo o futuro não existe.

Pois não eram lisas as águas e fresca a espuma?

 

Onde foste? Quando partiste?

Onde ficam hoje os cais

Dos navios que pediste?

 

Tanto tempo

Até este tempo se fazer tarde!

Já não há mais tempo

Para este fogo que não arde.

 

Sombras, silêncios, pedacinhos de ossos,

E a esperança que insiste

Nas dunas, na espuma, nas areias,

No horizonte que persiste!

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário