Tanto tempo
Lembras-te?
Caía a noite nas minhas mãos.
Súbito, um vento sacudiu as dunas,
implacável, como birra ou como aviso.
Areias escorriam no teu rosto como lágrimas
De uma criança naufragada na infância.
Porém, tu sorriste, apesar de tudo,
Porque nesse tempo o futuro não existe.
Pois não eram lisas as águas e fresca a espuma?
Onde foste? Quando partiste?
Onde ficam hoje os cais
Dos navios que pediste?
Tanto tempo
Até este tempo se fazer tarde!
Já não há mais tempo
Para este fogo que não arde.
Sombras, silêncios, pedacinhos de ossos,
E a esperança que insiste
Nas dunas, na espuma, nas areias,
No horizonte que persiste!
Sem comentários:
Enviar um comentário